
Com informações do site Pátria Latina
O encerramento das atividades da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, em inglês), determinado pelo governo Donald Trump, trouxe ao conhecimento público o financiamento de centenas, quiçá milhares, de veículos de comunicação social. Esses veículos, autoproclamados “independentes”, funcionavam como tentáculos dos governos estadunidenses, democratas e republicanos.
Desde a vitória da revolução, Cuba sempre esteve estre os países prioritários na mira da USAID, que trabalhava em estreita parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA, em inglês) e com fundações privadas dos Estados Unidos.
Em artigo reproduzido pelo site Pátria Latina (Descaramento: A queda da USAID revela uma rede gigantesca de mídia financiadas pelos EUA) o jornalista Alan Macleod* revela que esses meios de comunicação social ditos “independentes” enfrentam dificuldades financeiras com o corte nos financiamentos da USAID, entre eles veículos cubanos antigovernamentais.
Segundo Macleod, o CubaNet, com sede em Miami, publicou um editorial pedindo dinheiro aos leitores e lamentando “a suspensão de um financiamento fundamental que sustentava parte do nosso trabalho. O jornalista lembra, ainda, que em 2024 o CubaNet recebeu 500 mil dólares de financiamento da USAID para envolver “jovens cubanos da ilha através de um jornalismo multimídia objetivo e sem censura”.
Alan Macleod também cita O Diario de Cuba, com sede em Madrid, como um veículo em apuros. De acordo com ele, o diretor do jornal, Pablo Díaz Espí, comentou, antes de pedir apoio aos telespectadores, que “a ajuda ao jornalismo independente por parte do Governo dos Estados Unidos foi suspensa, o que dificulta o nosso trabalho”.
Macleod destaca, ainda, “que desde a Revolução Cubana de 1959, os Estados Unidos gastaram quantias gigantescas de dinheiro a financiar redes de comunicação social, numa tentativa de derrubar o governo. Só entre 1985 e 2013, a Rádio e a TV Martí receberam mais de 500 milhões de dólares em dinheiro dos contribuintes”.
Em seu artigo Macleod volta ao ano de 2021, quando a USAID foi um ator-chave por detrás de uma Revolução Colorida falhada (uma insurreição pró-EUA) em Cuba. A instituição, relata o jornalista, gastou milhões de dólares financiando e treinando músicos e ativistas na ilha, organizando-os em uma força revolucionária e anticomunista.
O jornalista entra em detalhes ao revelar que a USAID ofereceu até 2 milhões de dólares por subvenção aos contrarrevolucionários, observando que “artistas e músicos saíram às ruas para protestar contra a repressão do governo, produzindo hinos como ‘Patria y Vida’, que não só trouxe uma maior consciência global para a situação do povo cubano, mas também serviu como um grito de guerra para a mudança na ilha”.
E o intervencionismo não parou por aí, segundo Alana Macleod, “a USAID também criou uma série de aplicações secretas com o objetivo de mudar o regime. A mais conhecida foi a Zunzuneo, muitas vezes descrita como o Twitter de Cuba. A ideia era criar uma aplicação bem sucedida de mensagens e notícias para dominar o mercado cubano e, depois, alimentar lentamente a população com propaganda antigovernamental e direcioná-la para protestos e “smart mobs” com o objetivo de desencadear uma revolução colorida”.
Em 2014, o programa cubano da USAID foi novamente exposto. Desta vez, a organização estava a organizar falsos workshops de prevenção do VIH como disfarce para recolher informações e recrutar uma rede de agentes na ilha, diz, no artigo, Alan Macleod.
Alan Mcleod [*]
[*] Redator da MintPress News, autor de Bad News From Venezuela: Twenty Years of Fake News and Misreporting e Propaganda in the Information Age: Still Manufacturing Consent.