Da Redação (com Sputnik News, Pátria Latina, Ministério das Relações Exteriores de Cuba e Juventud Rebelde) Com 6.077 mortes e 50.418 infectados até 23 de março, a Itália, com o seu sistema de saúde em colapso, necessita urgentemente de ajuda internacional. Cuba enviou com urgência 36 médicos, 15 enfermeiros e um administrador em 22 de março, muitos deles com experiência prévia em surtos epidemiológicos, como o ebola na África.
Dez aviões militares russos já aterrissaram em Roma, transportando 100 virologistas, epidemiologistas e equipamentos de desinfecção e diagnóstico. Três milhões de máscaras devem chegar à península italiana vindas da China, Egito e Índia.
Os profissionais de saúde cubanos começaram imediatamente a trabalhar na região da Lombardia, a mais afetada pelo coronavírus. O embaixador de Cuba na Itália, José Carlos Rodriguez Ruiz, publicou em seu Twitter uma mensagem do Dr. Carlos Pérez Díaz, chefe de brigada de saúde que se encontra na cidade de Crema, uma das mais afetadas.
Pérez Días enviou uma saudação a todo o povo cubano e reafirmou o compromisso da equipe médica de enfrentar o coronavírus nessas terras. “Confie em nós, faremos o possível para combater a epidemia “, afirmou.
Como explicar o envio de cerca de 50 profissionais de saúde para Itália, integrante do G7, vindos de um país como Cuba, demográfica e economicamente modesto? Para Maurice Lemoine, especialista em América Latina e ex-editor-chefe do Le Monde Diplomatique, não se trata de maneira nenhuma de algo surpreendente. “Em matéria de saúde, Cuba rivaliza com os chamados países desenvolvidos”, opinou à Sputnik França.
Uma Política da Revolução Cubana
Liderada nos últimos dois anos por Miguel Mario Díaz-Canel Bermúdez, a ilha detém o recorde mundial da densidade de médicos em relação ao número de habitantes, de oito a cada mil.
Segundo Lemoine, havia cerca de 30.000 médicos cubanos trabalhando em 67 países em 2019, recordando igualmente a Operação Milagre, lançada em 2004 por Fidel Castro e Hugo Chávez, para permitir a criação de centros oftalmológicos no continente, tratando “milhões de pessoas que sofriam de infecções, cataratas e glaucomas”.
Para o jornalista, “Cuba é um gigante no campo da medicina”, por três grandes motivos políticos, sendo o primeiro porque Fidel Castro sempre fez da saúde uma prioridade.
Segundo, a prestação de cuidados médicos no exterior está ligada à ideia de internacionalismo sempre presente na Revolução Cubana. Finalmente, por razões financeiras, uma vez que a exportação de serviços médicos se tornou uma importante fonte de verba para o orçamento do país insular.
Interferon Alfa-2b
Na opinião de Maurice Lemoine, Cuba também é uma “potência mundial em biotecnologia, que em particular desenvolveu um medicamento chamado Interferon Alfa-2b“, que poderia ser usado na luta contra o coronavírus, estando a ser alvo de elevada procura, declarou à Sputnik.
A Itália não é o único país europeu a receber ajuda médica de Cuba. Maurice Lemoine aponta o caso da França, que também clama pelos médicos cubanos, sobretudo para a Guiana Francesa.
No Caribe, os governos de São Cristóvão e Névis e de São Vicente e Granadinas comunicaram que solicitarão ou já solicitaram assistência sanitária ao governo cubano. Profissionais de saúde cubanos estão presentes em outros países das Américas.
Venezuela
Desde 16 de março, um pequeno grupo de especialistas cubanos foi a esse país para assessorar o controle efetivo da doença. No último fim de semana, 136 membros da Brigada Médica reforçaram a atenção primária nas comunidades.
Nicarágua
Cinco profissionais da Ilha chegaram lá em 18 de março.
Suriname
Em 20 de março, 51 membros da brigada Henry Reeve chegaram ao país, com o objetivo de combater o novo coronavírus.
Granada
Cinco graduadas em Enfermagem, especialistas em Terapia Intensiva, do contingente Henry Reeve, partiram para Granada no dia 20 de março, para enfrentar a pandemia.
Jamaica
Cerca de 140 membros da brigada Henry Reeve partiram para a Jamaica em 21 de março, com o objetivo de combater o novo coronavírus.