Cargueiros retidos no Brasil retornam ao Irã

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Bavand era um dos cargueiros retidos no porto de Paranaguá

Dois navios iranianos parados há quase 50 dias no porto de Paranaguá zarpam rumo à República Islâmica, após decisão do STF que obrigou Petrobras a abastecê-los. Teerã ameaçou suspender importações de milho.

DW

Os dois cargueiros iranianos que estavam retidos desde o início de junho no porto de Paranaguá, no Paraná, zarparam neste sábado (27/07) rumo ao Irã, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou que a Petrobras fornecesse combustível às embarcações, anunciaram autoridades portuárias.

O administrador do porto afirmou que o cargueiro Termeh partiu por volta do meio-dia de sábado rumo a outro porto da costa brasileira, onde receberia carga de milho. Já o Bavand, que foi carregado, partiu com destino ao Irã às 11h30 deste domingo, disseram funcionários do porto. A viagem deve levar uns 30 dias, acrescentou a fonte.

Os navios Bavand e Termeh chegaram ao Brasil com carregamento de ureia e deveriam retornar levando milho ao Irã.

O Bavand já tinha embarcadas quase 50 mil toneladas de milho, e o Termeh esperava o carregamento de outras 60 mil toneladas. A carga é avaliada em aproximadamente 100 milhões de reais.

O presidente do STF, ministro Dias Toffoli, rejeitou na última quarta-feira um recurso da Petrobras e determinou que a companhia fornecesse combustível aos navios Bavand e Termeh, que estavam parados há quase 50 dias no porto de Paranaguá.

A Petrobras havia se negado a vender combustível para os navios, afirmando que a proprietária deles consta na lista de empresas sancionadas pelos Estados Unidos. O argumento da companhia era de que, ao fornecer óleo aos navios, a própria Petrobras estaria sob risco de sofrer penalidades pelas autoridades americanas.

Toffoli justificou a decisão afirmando que a empresa brasileira Eleva Química, responsável pela contratação das embarcações, não está na lista de agentes sancionados pelos EUA e que não há possibilidade de a Petrobras sofrer sanções dos americanos, já que o reabastecimento seria feito por ordem judicial.

O presidente do STF, que decidiu o caso após uma disputa judicial nas instâncias inferiores, também lembrou, em sua argumentação, dos prejuízos que podem ser causados pela situação à balança comercial do país com o Irã, o maior comprador de milho brasileiro.

O Irã havia ameaçado suspender as importações de milho e outros produtos brasileiros, se a Petrobras não abastecesse os dois cargueiros da empresa iraniana Sapid Shipping, retidos em Paranaguá, desde 8 e 9 de junho, respetivamente.

Esses incidentes ocorrem num momento de agravamento das tensões no Golfo Pérsico, na sequência da saída dos Estados Unidos, em maio do ano passado, do acordo nuclear com o Irã e do reestabelecimento de sanções americanas contra a República Islâmica.

CA/lusa/afp/dw

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