O imperialismo, estado supremo da fome

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por Jimmy Dalleedoo [*]

‘. Amal Hussain (foto) morreu com a idade de 7 anos em 2 de novembro de 2018. Esta pequena iemenita foi torturada pela fome: a foto antes de sua morte é insuportável de ver. A mãe desta menina, a Sra. Mariam Ali, disse: “Amal estava sempre sorridente. Agora estou preocupada com meus outros filhos”.

Segundo o Programa Alimentar Mundial, uma criança menor de cinco anos morre de fome cada 11 segundos: Amal Hussain representa 3 milhões de crianças todos os anos! No Iémen, as vias humanitárias que permitiriam a ajuda alimentar foram cortadas pelas forças da coligação saudita: a pequena Amal Hussain não beneficiou dessa ajuda alimentar. Amal Hussain foi classificada como “danos colaterais”: ou seja, aceitável para os países imperialistas. Os países imperialistas estão a semear confusão, guerra, miséria, ruína ao serviço do super-lucro capitalista: a fome é uma arma de guerra do imperialismo. Enquanto palavras escritas sobre a propaganda de rua do LREM [NT – partido de Macron] são denunciadas como “ataques”, a morte de milhares de crianças sob os bombardeamentos foi apresentada como uma “contribuição da democracia”(!) especialmente quando se sabe que essas armas foram vendidas pela França.

 

Imperialismo, o opressor dos povos

Há mais de 815 milhões de pessoas que sofrem de fome e desnutrição no mundo: 9,1 milhões de pessoas morreram em 2015; 3,1 milhões de crianças menores de 5 anos morrem cada ano. 815 milhões de pessoas passaram fome em 2017. Havia mais de 38 milhões de pessoas sofrendo de desnutrição em 2016: a desnutrição mata tanto quanto o cancro: 25 000 pessoas morrem de fome todos os dias: 151 milhões de crianças sofrem de fraco crescimento devido à desnutrição; 613 milhões de mulheres entre 15 e 49 anos foram afetadas por anemia, principalmente na Ásia e na África. Nos países imperialistas, também, as pessoas sofrem de fome porque o diabo devora seus próprios filhos:

– 3 milhões nos Estados Unidos

– 2,7 milhões no Reino Unido

– 0,8 milhões na Alemanha

– 0,9 milhões na França

– 0,6 milhões na Itália

As instituições imperialistas classificaram a fome em fases de gravidade com o cinismo que as caracteriza:

Fase 1, mínima: Os agregados familiares são capazes de cobrir as suas necessidades básicas de alimentos.

Fase 2, sob pressão: Em pelo menos um em cada cinco agregados familiares, o consumo de alimentos é reduzido.

Fase 3, crise: Pelo menos um em cada cinco agregados familiares enfrenta défices alimentares significativos com desnutrição aguda em níveis altos ou acima do normal.

Fase 4, emergência: Pelo menos um em cada cinco agregados familiares tem um défice alimentar completo e uma mortalidade excessiva.

Para “declarar” estado de fome (fase 5, portanto), é necessário que as seguintes condições tenham sido atendidas:

Pelo menos 20% dos agregados familiares devem enfrentar carências alimentares severas e ter capacidade limitada para lidar com o problema.

A prevalência da desnutrição global é superior a 30%.

A taxa de mortalidade bruta deve ser superior a 2 mortes por 10 000 pessoas por dia.

Fome, uma arma de dominação do imperialismo

As instituições imperialistas permitem-se manipulações semânticas através de “escalas de gravidade” e, assim, afirmam diferenciações no sofrimento humano: este sistema de “fase” é uma ferramenta de desresponsabilização dos países imperialistas. De fato, o diretor do Programa Alimentar Mundial em Paris disse: “Não há fome no mundo hoje; você deve saber que declarar a fome num país é complexo e repleto de consequências”. Por outras palavras, é necessário que os números cheguem à “fase 5”, caso contrário, crianças que morrem de fome não existem: elas permanecem como mortes aceitáveis.

O imperialismo não quer saber da vida humana, que é uma simples mercadoria produtora de lucros (capital variável) na sua lógica capitalista. Os países imperialistas oprimem as pessoas como o vampiro fecharia a sua presa numa gaiola para sugar o seu sangue sempre que estivesse com fome. De facto, a base do desenvolvimento do imperialismo está na exportação de capital para fontes de matérias-primas e mão-de-obra barata. As fronteiras das nações imperialistas são agora muito estreitas: elas continuam a criar um mundo à sua imagem. O imperialismo, seja usurpador ou guerreiro, oprime os povos económica, política, social, filosófica e religiosamente. Por outras palavras, os imperialistas monopolizam as superestruturas dos países devedores, que assim se tornam sua extensão natural.

Os povos oprimidos pelos países imperialistas produzem bens em condições atrozes. Estes bens são então exportados para os países imperialistas a preços imbatíveis. O valor da força de trabalho nesses países é zero e isso reflete-se nos preços das mercadorias exportadas. As “vítimas da moda” ocidentais ficam então muito satisfeitas por encontrarem roupas a preços muito acessíveis.

Os meios de produção, mas também as matérias-primas dos países dominados são monopolizados pelas forças imperialistas. Os povos desses países dominados não podem, portanto, trabalhar para o desenvolvimento económico de seus países: eles produzem para seus colonizadores. Os países imperialistas podem contar com os criados da burguesia compradora (governos fantoches ao serviço dos interesses imperialistas) que participam na opressão aos seus próprios povos.

Os países imperialistas desenvolvem-se de forma desigual: alguns estão a desenvolver-se mais rapidamente que os outros. A Índia é um país capitalista que irá aceder ao estado imperialista é, portanto um “jovem monopólio”. Os países imperialistas como a França, a Alemanha ou a Inglaterra, por exemplo, são “velhos monopólios”. As guerras imperialistas são inevitáveis, porque os jovens vampiros vão querer devorar os antigos vampiros pelo acesso a fontes de matérias-primas e mão-de-obra barata.

Mas a intervenção militar imperialista é apenas o fim de um processo de desestabilização que opera a montante. Governos fantoches, milícias (que geralmente incluem pessoas que não têm mais nada a perder) são armadas pelos países imperialistas. Estes grupos armados dos países imperialistas abrem caminho para os monopólios capitalistas. Os países imperialistas fomentam guerras civis, para semear o caos, a destruição, a miséria e depois enviar seus exércitos em “salvadores da democracia”: de facto, aproveitam estas situações para colonizar esses países “devedores”.

O processo de desestabilização e destruição pode assumir muitas formas, mas a primeira arma usada pelas forças imperialistas é, evidentemente, a fome. Há muitas crianças famintas na África: Níger, Nigéria, Sudão do Sul, Somália, Iémen, entre outras.

Na Nigéria, no lado Biafra, a população foi atingida por uma fome de 1967 a 1970, resultando em mais de um milhão de mortes. A população do Estado de Bornéu suportava também uma situação atroz. De facto, esta área era o lar de grupos armados islâmicos (cujo nascimento tem causas nas devastações da dominação imperialista) alimentando o conflito armado. Na Nigéria, mais de três milhões de pessoas sofriam de fome: 250 000 delas eram crianças.

Os Médicos Sem Fronteiras acusaram a ajuda alimentar que, segundo essa organização humanitária, era “totalmente inadequada” e pouco coordenada. Na cidade de Ngala, mais de 80 mil pessoas haviam sido aprisionadas em “campos de extermínio” e isoladas do mundo: a falta de cuidados e a comida eram totais. Mais de 2 000 crianças com menos de cinco anos de idade foram encarceradas por milícias armadas nesses campos e sofreram de desnutrição severa.

A ONG “Ação Contra a Fome” declarou em 2017: “Os governos devem aliviar os obstáculos burocráticos à importação de fornecimentos de bens essenciais e simplificar os processos de vistos para trabalhadores humanitários que se deslocam para áreas vulneráveis”. Esses “obstáculos burocráticos” refletem uma das peculiaridades do modo de produção capitalista chegado ao seu estado supremo (imperialista, portanto), que é a sua a máquina de Estado, que corresponde à sua máquina burocrática e militar. Esta máquina de Estado é um poder que todas as burguesias desejam monopolizar ?– se já não for o caso – e o seu eixo de orientação supõe o fortalecimento da exploração da classe trabalhadora, das camadas populares e dos povos oprimidos: lucro e sobrelucro é o seu objetivo principal.

– No Níger, mais de 3 milhões de pessoas, incluindo 800 000 crianças foram atingidas pela fome em 2005. Durante a fome de 2005 no Níger, os imperialistas declararam que as causas eram secas e enxames de gafanhotos na região: o diabo não está a esconder-se atrás da mentira? Se sim, foi encontrado! Mais de 4 milhões de pessoas estavam a sofrer de fome neste país bem antes dos “gafanhotos”.

As ONG que estavam lá disseram que as fomes estavam localizadas nas áreas férteis e agrícolas do sul. De facto, as instituições do Estado ao serviço de interesses imperialistas, como o Banco Mundial ou o FMI (que monopolizaram essas áreas férteis), liberalizaram os mercados agrícolas nos países da África Subsariana. O governo do sul do Níger, em seguida, vendeu os seus produtos para a Nigéria, enquanto os seus habitantes morreriam de fome.

Obviamente, os países imperialistas e a burguesia compradora, representada pelo governo nigeriano, tomaram o cuidado de bloquear a ajuda humanitária para não interferir nos mercados de ações especulativo sobre os cereais. Entre 2008 e 2011, o imperialismo norte-americano (os Estados Unidos) investiu milhares de milhões de dólares nos valores de matérias-primas e alimentos, resultando em uma crise de alimentos e tumultos devido à fome. Essa crise afetou países da América Latina, Ásia, África Subsariana, Sahel, Chade, Sudão e Etiópia.

Investigadores do Center for Disease Control and Prevention (CDC) de Atlanta viajaram por oito regiões do Níger: Agadez, Diffa, Dosso, Maradi, Niamey, Tahoua, Tillabery, Zinder. O objetivo era obter dados sobre os níveis de desnutrição. Eles pesaram e mediram mais de 5 324 crianças menores de cinco anos. Este estudo confirmou que 15,3% das crianças de 6 a 59 meses sofriam de desnutrição aguda. As taxas variaram até 8,9% em Niamey, 17,9% em Tahoua, mas também até 15% em Diffa, Maradi e Zinder.

A Unicef declarou na época: “Esses dados foram usados para obter uma amostra representativa baseada numa dupla base de dados aleatória de agregados familiares. Em cada lar observado, todas as crianças de 6 a 59 meses foram mantidas para medições antropométricas. No Níger, a seca, a invasão de gafanhotos e as más práticas nutricionais não são os únicos fatores por trás da crise. A recusa em distribuir gratuitamente os alimentos, baseada na previsão do défice de cereais, por receio de desestabilizar o mercado, impediu que milhares de pessoas obtivessem alimentos básicos. Num país onde 63% da população vive abaixo da linha da pobreza, a venda de alimentos, mesmo a preços baixos, mergulhou muitas famílias na insegurança alimentar. Os nigerianos, ao mesmo tempo, sofreram com o aumento dos preços, acompanhando a escassez de produtos e especulações tradicionalmente observadas durante a época de escassez”.

– O sul do Sudão atingiu um pico no sofrimento humano, com mais de 5 milhões de pessoas sofrendo de fome. 40% da população do sul do Sudão estavam à espera de ajuda alimentar urgente – e muitos ainda estão à espera! O povo deste país vive uma provação real desde o início da guerra civil.

A Unicef disse: “Estima-se que mais de um milhão de crianças sofram de desnutrição aguda no Sudão do Sul e mais de um quarto de milhão já estão sofrendo de desnutrição grave. Se não chegarmos a essas crianças para ajudá-las urgentemente, muitas delas morrerão”.

Este país também não foi poupado pelo apetite voraz dos países imperialistas que usam a fome como uma verdadeira arma de guerra para controlar e fazer as pessoas fugirem. O povo do Sudão do Sul votou pela sua independência num referendo em 2011. Segundo o Presidente da República, Salva Kiir, um golpe foi organizado pelo ex-vice-presidente Riek Machar, demitido algum tempo antes. Por outras palavras, a burguesia compradora lutava por um “lugar ao sol”, desencadeando a guerra civil.

De facto, um acordo foi assinado entre o Sudão e o Sudão do Sul. O Sudão queria manter o controle do petróleo, mas não foi o único, claro. O imperialismo norte-americano participou ativamente no desenvolvimento desta guerra civil porque queria pôr as mãos no petróleo desta área. O imperialismo norte-americano é particularmente violento nessa área, uma vez que os social-imperialistas chineses [NT] já estavam presentes na área do Sudão do Sul.

De fato, a internacional capitalista engendrou a interdependência de diferentes países imperialistas, mas isso não põe em questão as contradições entre esses mesmos países imperialistas para a “partilha de pilhagem”. No Sudão do Sul, em Juba, os imperialistas “administram” os assuntos do Estado e ajudam a instalar seus futuros servidores (burguesia compradora): mais de 30 mil soldados foram mobilizados nessa área.

Quando os distúrbios alimentares eclodiram, os imperialistas (incluindo a França) derrubaram Muammar Kadafi na Líbia. Grupos como AQIM (Al Qaeda no Magreb Islâmico) ou Boko Haram puderam então estender-se das fronteiras da Líbia para o Mali. O imperialismo norte-americano e os social-imperialistas chineses [NT] tomaram grande parte da área do norte do Sudão e criaram movimentos populacionais para o sul.

Os monopólios dos países imperialistas podem então pilhar as terras da zona norte: o Sudão do Sul também foi confiscado por monopólios, já que seus solos estão encharcados de petróleo. A guerra, a miséria, os sofrimentos da fome permitem que os imperialistas controlem totalmente a população e evitem as possíveis ameaças aos seus objetivos imperialistas que se resumem a um sobrelucro adicional.

Uma em cada dez crianças morre antes de atingir a idade de um ano neste país. A maioria da população vive com 75 centavos por dia. A maioria não sabe ler nem escrever.

E … ao mesmo tempo … as receitas do petróleo saqueado pelos países imperialistas neste país geraram milhares de milhões de dólares …

O Iémen beneficia de terras muito férteis. Essas terras são usadas para produzir bens como tabaco, algodão ou café. Esses bens são exportados para os mercados ocidentais. O Iémen é 90% dependente de alimentos e importações de petróleo, no entanto este país é produtor de petróleo! A coligação liderada pela Arábia Saudita semeia o terror no país com bombardeamentos permanentes.

É um verdadeiro extermínio que está a ser feito pela coligação saudita contra a população iemenita. Pior, a coligação saudita bloqueia a ajuda alimentar ao país. O bombardeamento de portos impede o fornecimento do Iémen em produtos de primeira necessidade. Os países imperialistas, que são os Estados Unidos e a França, bloquearam os portos, mas também os aeroportos, isto é, todos os possíveis pontos de passagem das necessidades vitais: é, portanto, um massacre intencionalmente orquestrado por esses dois países. Por quê? Porque a coligação saudita é um dos “melhores clientes” dos imperialistas franceses e americanos na compra de armamentos militares.

Florence Parly, que era então ministra das forças armadas, declarou em 20 de janeiro de 2019 na France-Inter: “Não tenho conhecimento de que armas francesas sejam usadas no Iémen”. No entanto, a França vendeu tanques Leclerc, obuses, Mirages 2000-9, radares Cobra, veículos blindados Aravis, helicópteros Cougar e Dauphins, fragatas da classe Makkah, corvetas de mísseis da classe Baynunah, canhões César. Em nove anos, a França vendeu mais de 11 mil milhões de euros em armamento de guerra para a Arábia Saudita.

Mais de 28 milhões de iemenitas são bombardeados, passam fome, são perseguidos, mentalmente esmagados e caçados por hordas selvagens imperialistas. Desde o início da guerra, mais de 8 400 pessoas foram mortas, incluindo mais de 1 283 crianças. Entre março de 2016 e dezembro de 2018, 35 civis morreram em 52 atentados por canhões franceses: 143 canhões franceses serão vendidos aos sauditas até 2023. Está também prevista a venda de veículos blindados Titus e canhões em autopropulsionados 105 LG.

Florence Parly declarou em 20 de janeiro de 2019 na France Inter: “Recentemente, não vendemos nenhuma arma que possa ser usada no contexto do conflito iemenita”. Não diz um provérbio que “o diabo é o pai da mentira”?

– A Somália também está em grave situação depois de décadas de guerras civis fomentadas pelo imperialismo. A seca é apresentada como a única causa da fome. A estratégia do caos perseguida pelas forças imperialistas neste país atingiu um muito elevado nível de gravidade. Os poucos bens que são criados neste país são exportados. Os preços subiram, as matérias-primas e os meios de produção do país foram desviados pelas forças imperialistas: quase um milhão de pessoas foram deslocadas com o estômago vazio.

Na Somália, mais de 3 milhões de pessoas morreram de fome. Mais de 380 000 crianças foram atingidas por esta fome, das quais mais de 80 000 estão em morte iminente. A guerra civil fomentada pelas forças imperialistas causou mais de 500 000 mortes neste país. Iémen, Somália, Sudão, Nigéria: Apenas nestes quatro países, temos mais de um milhão de crianças que estão perto da morte por causa da fome.

A Somália tornou-se “independente” em 1959 com a fusão da colónia italiana no sul e a britânica no norte. Aqui, são os “islamitas Shebab” que se tornaram a desculpa da dominação pelos imperialistas. Na Somália, como em quase todos os países dominados e oprimidos pelas forças imperialistas, muitos jovens aderiram às fileiras dos “shebabs”.

De fato, quando se está com fome, quando se vive na miséria, exploração, opressão e não se tem esperança, o que mais se pode fazer?

Desde a eleição do fascista Donald Trump como chefe dos Estados Unidos, mais de 110 ataques aéreos foram organizados naquele país. Oitocentos “terroristas” teriam sido mortos: três vezes mais do que nos dois mandatos de Obama. O Africom (Comando dos EUA para a África) foi criado em 2007 para caçar todos os indivíduos que fossem “suspeitos” de terrorismo. Por outras palavras, o Africom é uma organização do imperialismo dos EUA cuja missão é suprimir todas as formas de oposição na Somália.

Em relação aos ataques dos Estados Unidos, a Amnistia Internacional disse: “Os ataques parecem ter violado o direito internacional humanitário, e alguns podem representar um crime de guerra”. A Amnistia Internacional confirmou que dezenas de pessoas foram mortas durante os ataques. A Somália é um ponto estratégico geopolítico, uma vez que é uma ponte que permite aos países imperialistas acederem ao mar a leste, mas também à Etiópia, ao Quénia e ao Sudão do Sul a oeste: áreas muito ricas em petróleo e minerais.

Vendas de armas e opressão de povos

 

A burguesia nacional francesa desbloqueou mais de mil milhões de euros numa semana para salvar uma catedral: não poderia salvar essas crianças com esse dinheiro? Obviamente, sim, mas…

A França imperialista é um dos mais prolíficos vendedores de armas. Os principais clientes da França são (desde 2008 a julho de 2017):

1- Índia: 13,18 mil milhões de euros de armas foram vendidas para este país pela França

2- Arábia Saudita: €11,13 milhões

3 – Catar: €8,76 milhões

4- Egito: 7,33 milhões

5- Brasil (note que este país é liderado por Jair Bolsonaro, um fascista): €6,31 milhões

6- Emiratos Árabes Unidos: €3,84 milhões

7- Estados Unidos: €2,29 milhões

8- Singapura: €2,28 M

9- Reino Unido: €1,98 milhões

10 – Marrocos: €1,79 milhões

O denominador comum de muitos desses países é a fome e é interessante notar que os países imperialistas usam o método de dominação já usado pelo Daesh: a estratégia do caos. O objetivo é destruir todas as superestruturas políticas, sociais, legais e religiosas do país visado pelas forças imperialistas: instalam um clima de terror e retiram toda a esperança para os habitantes locais. Quando as pessoas estão afogadas em total desespero, os imperialistas trazem ordem para essa desordem ao abrigo da “contribuição da democracia”: na realidade assumem o controlo do país. Eles podem, assim, ter acesso a matérias-primas, mas também a mão-de-obra “barata”. Todas as formas de resistência são reprimidas muito severamente pelas forças imperialistas que têm experiência em duas áreas:

1- experiência em gestão de capitais

2- experiência em violência

O imperialismo, estado supremo do capitalismo, é determinado pelo seu capital financeiro, isto é, a fusão do capital bancário e industrial monopolizado. Este capital financeiro tornou-se internacional e assim o “polvo capitalista” espalhou seus tentáculos por todo o planeta. Instituições internacionais como o FMI ou o Banco Mundial são cavalos de Tróia que facilitam a expansão dos países imperialistas.

Em termos concretos, o FMI e o Banco Mundial usam os Programas de Ajustamento Estrutural (PAE). Obviamente, eles validam os PAE como uma necessidade para “desenvolver os países mais pobres”. Estes PAE permitem que os países imperialistas, através do FMI/BM, controlem toda a economia dos “países devedores”, gerando, entre outras coisas, um aumento no IVA, bem como o preço dos alimentos, medicamentos, habitação, etc. Os países sujeitos aos PAE sofrem também uma desvalorização da sua moeda, uma diminuição das importações, uma redução dos salários, uma deterioração dos direitos laborais, uma destruição dos serviços públicos. Os PAE facilitam também o desmembramento de países “devedores” pelos países imperialistas.

E quanto mais os países dominados peçam empréstimos a instituições como o FMI, e o Banco Mundial, tanto mais ficarão subordinados e oprimidos por eles. O FMI trabalha com o dinheiro dos contribuintes de todo o mundo e é dominado pelo imperialismo norte-americano. Os “especialistas” do capital financeiro internacionalizado ditam as diretrizes aos líderes do FMI e do Banco Mundial. Monopólios capitalistas e multinacionais têm se estender para todas as zonas do mundo para assegurar um máximo de sobrelucro.

Começa com a privatização do banco central do país assistido. Os países visados pelo imperialismo são obrigados a pedir dinheiro emprestado aos países imperialistas (França, Alemanha, Grã-Bretanha, entre outros…) que “concedem” esses empréstimos a taxas usurárias. É então que os vampiros capitalistas podem engolir todo o sangue necessário para sua existência. A solução é uma luta implacável dos povos dos países oprimidos contra o imperialismo. A luta anti-imperialista deve ser dirigida para a destruição de todas as forças reacionárias que oprimem a humanidade.

O internacionalismo proletário deve ser a chave que permitirá aos povos libertarem-se das garras imperialistas. O internacionalismo proletário, a solidariedade de classe de todos os homens oprimidos, dominados e explorados pelas forças obscuras do capital, surgirá como um raio num céu totalmente negro.

No entanto, permanece uma questão: onde está o partido do proletariado? Ainda não existe… [NT]

Abaixo o imperialismo!

[NT] Apesar do interesse do texto consideramos altamente controverso – e fora do contexto – qualificar a política externa da China como “social-imperialismo”. Por outro lado, a afirmação de que “(um partido do proletariado) ainda não existe”, desrespeita a memória de todas e todos que, guiados por “partidos do proletariado”, lutaram e lutam nas mais cruéis condições contra o fascismo e o imperialismo”.

[*] Sindicalista, da CGT francesa.

O original encontra-se em www.legrandsoir.info/l-imperialisme-stade-supreme-de-la-famine.html Tradução de DVC.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

13/Ago/19

 

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