HAVANA: Uma jovem e bela senhora a caminho dos 500 anos

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Valter Xéu*

Fotos: Valter Xéu e arquivo Pátria Latina

Quem a vê assim, de longe, bela e fagueira sequer imagina que todo esse charme e beleza estão prestes a completar quinhentos anos. Sim, quinhentos anos! Bem vividos como se não houvesse passado por turbulência mortais, por períodos que deixaram marcas profundas e indeléveis e que, ainda assim, só realçam tamanha beleza. E deixam sua história mais cheia de encanto e romance.

Há 44 viagens convivo – e vivo – intensamente com esta cidade que considero uma das mais belas e atraentes deste planeta. O fascínio que tenho pela capital de Cuba é mais do que do conhecimento de todos que convivem comigo.

Toda a atmosfera de Havana é radiante, envolvente… seu povo,  sua música, sua culinária. Aqui, você toma o melhor daiquiri ou mojito destas terras caribenhas.

Havana se reinventa enquanto envelhece rejuvenescendo. Sua arquitetura colonial que remete ao domínio espanhol, se reestrutura para se adequar aos novos tempos. Seguindo seu espírito de sereia caribenha que encanta a quem quer que seja que lhe ponha olhos e pés, a cidade tem uma rede hoteleira das melhores e que vem sendo ampliada através de parceria do governo cubano com redes da Espanha, Canadá, Itália, Rússia, Alemanha e outros países.

Me encanta andar pela cidade a qualquer hora da noite com câmara fotográfica, celular e dinheiro no bolso e saber que não corro o risco de sofrer um assalto e que caso isso venha a acontecer, jamais perderei a minha vida.

Me encanta também, fazer uma caminhada matinal e ver um monte de crianças na faixa de seis, sete anos caminhando rumo a escola sozinhas enquanto seus pais estão tranquilos em casa ou a caminho do trabalho.

Em Havana e Varadero testemunhei nos hotéis e nas ruas, famílias inteiras de turistas carregando crianças nos braços ou em carrinhos de bebe, atitude impensável em várias cidades do mundo, principalmente no Brasil, onde é comum chegar um casal e dias depois um deles retorna no caixão, vitimado pela violência urbana que assola o país.

Tudo em Havana (e em Cuba, como um todo) me encanta e mesmo contabilizando um leque de 54 viagens, cada ida é uma surpresa para mim e, como andar pelas suas calles e não lembrar das diversas histórias vividas por esse escrevinhador com a companhia dos amigos diversos e das grandes e loucas paixões vividas?

Nem o recrudescimento do bloqueio com a Lei Helms-Burton com que o tonto presidente americano ameaça Cuba, tira a alegria do cubano em viver o seu dia-a-dia.

Agora mesmo com a realização da 39 FITICUBA, 26 empresas de turismo norte-americanas, deram uma solene banana para o seu presidente e lá estavam participando do evento que teve 50 empresas do Canadá, 30 da Rússia, 20 da Itália, 20 do México, e tantas outras do Japão, China, Irã e vários países da União Europeia e America Latina, todas elas interessadas no turismo cubano que cresce anos após anos e nesse 2019 já passou dos cinco milhões e meio de estrangeiros.

Cuba não tem Pantanal, Rio de Janeiro, Salvador (que se parece muito com Santiago de Cuba), Brasília, Amazônia, um extenso litoral como o nosso e consegue receber mais turistas estrangeiros que o Brasil. Como explicar isso? Os burros da Embratur talvez não saiba explicar, mas é simples.

Enquanto o turismo brasileiro trabalha pelo mundo com um forte apelo sexual como atrativo recentemente reforçado por declarações dos responsáveis pela área em Brasília e pelo próprio Palácio do Planalto, Cuba faz o inverso, apresenta as praias paradisíacas, a tranquilidade reinante e tudo isso faz com que, por exemplo, um milhão e meio de canadenses desembarque anualmente em busca das maravilhosas praias e da tranquilidade de saber que voltarão ilesos para casa.

Como não ficar apaixonado por este país? Como não morrer de amores por esta maravilhosa senhorita de apenas 500 anos e tanto a oferecer? Difícil, muito difícil. Daí esta minha carta de amor por ti, bela Havana!

*Valter Xéu é jornalista, editor de Pátria Latina, Revista Pelo Mundo, Irã News. e autor do livro “Cuba,  Pátria Latina, Cadernos de viagens e utopias – A Culpa é de Fidel”.

 

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