Por Aneli Ruiz Garcia
Porto Príncipe, (Prensa Latina) Enquanto se aproximar a data de eleições legislativas no Haiti, previstas para outubro próximo, líderes políticos expressam hoje seu pessimismo com o cumprimento desse cronograma que deve renovar um terço do Parlamento.
Já em março passado, o presidente do Senado, Carl Murat Cantave, pôs em dúvida a realização das eleições e citou a atual crise sócio-política e econômica, a insegurança nos bairros populares, acrescentando aliás a inexistência de um orçamento nacional aprovado.
Também assinalou como negativo a ausência de leis eleitorais e orgânicas do Conselho Eleitoral Provisório, e disse que ‘falar das eleições de outubro de 2019 é uma referência a algo fictício’.
Agora foi o turno de Clarens Renois, coordenador do partido União Nacional para a Integridade e a Reconciliação, quem sublinhou que todos os indicadores mostram que as eleições não são factíveis este ano.
Desde março até hoje a situação sócio-política e econômica se tem acentuado e o país experimenta uma forte instabilidade, marcado por cíclicos protestos, greves e incremento da insegurança, notadamente nas zonas mais desfavorecidas.
O porta-voz do partido Rasin Kan P., Camille Chalmers, quem também expõe reservas com a viabilidade do processo, sublinhou, além disso, a qualidade dos candidatos que devem participar das eleições.
Segundo o também acadêmico e economista, ‘os modelos eleitorais que se celebram habitualmente no país trouxeram mais problemas que soluções’.
Em maio passado, o Escritório Nacional de Identificação anunciou que os documentos de identidade estão disponíveis para todos os cidadãos, por isso os mais de três milhões de haitianos que hoje carecem de cédulas, poderão exercer seu direito ao voto.
Para o presidente Jovenel Mose, a celebração desta luta é uma realidade, e recentemente afirmou para a imprensa estrangeira, a necessidade de despolitizar e fortalecer o Conselho Eleitoral Provisório ‘para inspirar confiança nas próximas eleições parlamentares de outubro’.
Seria a primeira vez em 15 anos que o governo haitiano realizará umas eleições sem as forças de acompanhamento das Nações Unidas, que põem ponto final a sua extensa missão no Haiti em 16 desse mês.
Entretanto, ainda fica por aprovar o orçamento das eleições de 75 milhões de dólares apresentado ao Parlamento no fim de abril, que de validar-se seria objeto de duras críticas, sobre tudo porque o Governo não pôde sortear a crise econômica e seus principais indicadores neste parágrafo se encontram em vermelho.